terça-feira, 5 de julho de 2011

Coluna Europa by Felipe Campos Peres

Gente aqui é a Bia que esta falando!! A viagem esta simplesmente INCRÍVEL!!! O Pitt meu noivo escreveu uma coluna sobre a nossa passagem por Madri para o jornal que ele trabalha. Espero que gostem e logo postaremos novos textos sobre a viagem aqui na Europa!!! Tudo aqui é bem diferente do que estamos acostumados a ver, principalmente quando se trata de educação, afinal de contas estamos falando do primeiro mundo né hihihih... Tenho ficado impressionada com a forma que eles lidam com as coisas por aqui!!! Tudo muito organizado e bonito, transportes coletivos que funcionam tudo muito arborizado, muita arte pelas ruas, pessoas super estilosas enfim um monte experiências incríveis que eu jamais vou me esquecer! Um beijo enorme a vocês e saudades e até a próxima pessoal... HASTA LUEGO...


FELIPE CAMPOS PERES

Coluna Europa

Caro leitor, vou utilizar este espaço pelas próximas três semanas enquanto viajo pela Europa para mostrar a você, como um relato e através da minha visão jornalística, um pouco de tudo que viver aqui: histórias, artes, curiosidades e um pouco sobre gastronomia e comportamento das culturas com as quais terei contato. Enfim, vou conduzir esta coluna de modo que consiga mostrar um pouco de tudo que vou ver e conhecer nesse tour por Espanha e Alemanha, por meio do que presenciarei por aqui. A idéia e que a coluna seja escrita de forma despojada e de fácil leitura, sem peso e sem muitos números, mas de forma engraçada e saborosa. Também neste espaço postarei algumas fotos sobre os lugares mais interessantes pelos quais vou passar. Espero que gostem dessa empreitada meio estilo pé na estrada.

Madrid

Calor e terra árida

Eu e Bia saímos de São Paulo no domingo, 17 de junho, e desembarquei direto em Madrid. Depois de 10 horas de vôo, descemos na capital española para encontrar meu irmão, André, que será nosso guia durante essa viagem. Ainda nos ares, pouco antes de chegar a Madrid pude ver, do alto do avião uma característica urbana espanhola muito marcante: os pueblos. Pueblos são como pequenas vilas, algumas chegam a ter populações muito pequenas, de até 500 habitantes. É do alto que se vê também como a Espanha em quase sua totalidade possui um solo muito árido, de cor alaranjada. O calor aqui no verão proporciona dias com até 38ºC. Dessa forma predominam as famosas plantações de oliva, mataria prima do azeite.

Em Madrid ficamos hospedados em um Hostal, que são como as pousadas brasileiras, só que muito intimistas. Nestes locais os hóspedes alugam quartos que ficam em grandes apartamentos familiares: o hóspede faz sua reserva em um balcão ao lado da cozinha da família que vive no local. É uma saída barata e segura de ficar hospedado já custa algo em torno de 17 euros por dia-cerca de R$ 40- para ficar em um quarto com um banheiro. Assim que cheguei a Madrid me impressionou a quantidade de construções imponentes espalhadas pela cidade; prédios enormes e em sua maioria centenários ocupam as ruas da grande metrópole - a maior da Espanha-, com seus mais de 3 milhões de habitantes. Com isso, a arquitetura de Madrid prova que vai do tradicional ao moderno. A educação no trânsito também è muito clara: é raro ouvir uma buzina e quando o pedestre pisa na faixa, o motorista automaticamente para, mesmo na loucura que é o trânsito de uma grande capital. Mesmo porque as linhas de metrô são muitas –mais de 300 quilômetros- e o transporte coletivo –ônibus circulares- realmente funciona muito bem.

Alimentação

O Español basicamente se alimenta de carne de porco e pão, muito pão. Quase todas as refeições são acompanhadas por pelo menos uma fatia de pão. Com isso, o consumo de embutidos como salame e lingüiças é bastante comum. Aqui são comuns também as tortillas, que são como omeletes muito elementados com batata e cebola. Agora comum mesmo é o consumo de cerveja nos bares. Todo o bom español almoça acompanhado de um copo de cerveja e depois de comer, logo leva um cigarro para a boca e se prepara para a siesta. Outra tradição dos bares é dar, gratuitamente os famosos “tapas”, que são como pequenas porções de torresmo, ou algum peixe, ou batata. O que chamamos de porção no Brasil aqui eles chamam de “raciones”. Destaque para as porções de mexilhões, que custam em média 3,50 euros, algo em torno de R$ 9. O azeite, como não poderia ser diferente também é muito barato: cheguei a ver um vidro de 5 litros custando cerca de 11 euros, ou seja, aproximadamente R$ 23. Nos supermercados e “cernisserias” –como se chamam os açougues daqui- vendem muitas carnes estranhas para nós: coelhos, cérebros de porco e muitos frutos do mar podem ser encontrados pelos clientes.

Artes

Na capital espanhola acabei me ligando muito às artes. Primeiro fui ao gigantesco Museu do Prado. Apesar de ser um espaço reservado, sobretudo às artes acadêmicas e sacras, pude me deparar, por exemplo, com pinturas de Velásquez e do grande Francisco de Goya. Este segundo, aliás, foi homenageado com uma grande sala do museu onde o visitante tem contato com a seqüência de telas do pintor intituladas de “Pinturas Negras”. São um total de 12 pinturas de variados tamanhos que registram a fase em que Goya enlouqueceu. Isso ocorreu por volta de 1820, quando o pintor se fechou por anos em sua casa e passou a pintar telas macabras, com traços fortes, escuros e marcantes. Um estilo muito violento e pesado, mas que marca a fase mais expressiva de Goya. Destaque para a tela “Saturno devorando um filho”, que é de arrepiar. É proibido tirar fotografias no interior do museu, portanto não terei como mostrar essas imagens ao leitor.

Também em Madrid estive no Museu da Rainha Sofia. Este sim um banho de cultura contemporânea e ousada. No museu tive contato com obras de centenas de artistas, dos quais me dedicarei a alguns. Primeiro, conheci a obra da louquíssima e lisérgica Yayoi Kusuma-uma artista japonesa doida que começou sua caminhada durante o movimento hippie e que dividiu produções co mo famosíssimo Andy Warhol. Depois tive contato com um apanhado histórico do artista argentino Roberto Jacoby, um dos precursores da mídia artística chamada de happening, que abalou as estruturas das artes a partir da década de 1960. Também na Rainha Sofia tive o prazer de entrar em contato –literalmente- com uma grande exposição dedicada à artista plástica brasileira Lygia Pape, o que para mim foi um motivo de orgulho. Destaque para a obra interativa “Círculo dos Prazeres”, onde o visitante pode beber de águas coloridas que ficam dispostas dentro de pratos, distribuídos em um círculo, utilizando um conta-gotas. Agora, o mais emocionante foi ficar a poucos centímetros de obras de gigantes como Joan Miró, Pablo Picasso e Salvador Dalí. A sensação de observar de perto as telas desses gênios da pintura é indescritível. Destaque para o enorme painel da “Guernica”, de Picasso e da sensacional e ousada pintura de Dalí, chamada de “O Grande Masturbador”.

Protestos - 15 M

Mas nem tudo são flores em Madrid. A Espanha, como a maioria dos países europeus ainda não conseguiu se reerguer depois da crise econômica mundial, que assombrou o planeta em 2008. E isso se reflete na grande quantidade de protestos que se vê pelas ruas da cidade, principalmente organizadas pelo Movimento 15 M. Praças, ruas e calçadas ocupadas por muitas pessoas, espanholas ou não. Eu tive a oportunidade de entrevistar-com um sotaque bem ruim, diga-se de passagem- manifestantes do 15 M. A principal luta desse pessoal é por emprego e teto. Atualmente a Espanha vive sua maior crise de desemprego dos últimos 50 anos, com cerca de 20% da população sem trabalho. Só em Madri, aproximadamente 3% da população não tem trabalho, ou seja, 130 mil pessoas pobres e sem a chance de arrumar um emprego. Conversei com Juan Pablo García, um morador de Madrid, solteiro de 42 anos, que há cerca de um ano vive em uma “ocupa”. Ocupa é como os espanhóis chamam as casas abandonadas que são ocupadas por pessoas sem casa própria e sem dinheiro para o aluguel. Sem emprego, Juan sofre com a falta de dinheiro e por isso vive em uma ocupa e está também acampado na Praça do Sol, em Madrid, como forma de protesto. O manifestante reclama principalmente da falta de atenção dos políticos, e diz que há na Espanha uma espécie de “ditadura de mercado”. “Queremos trabalhar, mas não temos essa chance. Fui por muitos anos motorista de ambulância, mas há mais de um ano não consigo emprego, nem tenho onde morar”, disse o manifestante. Assim como Juan, milhares de outras pessoas, jovens ou velhos, mulheres com crianças de colo, estão acampados para protestar contra a situação ruim que vive o país.

Não têm como nem posso me estender muito leitores, mas espero tê-los agradado por hora. Portanto na próxima coluna irei lhes apresentar Valência, meu próximo destino nesta saga pela Europa.


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